domingo, 31 de outubro de 2010

"quando o flerte apenas não se basta"

eles se olham, conversam, se tocam (ele a toca)
mas o momento do primeiro beijo
aquele momento em que sobram palavras, mas que nenhuma quer ser dita,
demora pra chegar
até que depois do quarto encontro,
eles se veem sozinhos e bebados
e no meio de uma intervenção artística
um olhar
um toque no cabelo dela
ela se aproxima
e aquele meio segundo de transição
entre os olhos fixados uns nos outros
e as bocas se tocando
dura tempo suficiente pras mãos também se pegarem
o beijo é excelente
molhado,
calmo,
com pegada,
com suavidade,
um prelúdio para um sexo automatista, com liberdade.
de fato é como acontece.
depois de uma noite de beijos demorados e olhares admirados
chegam ao recinto e se olham nervosos,
querendo causar boa impressão.
mas um beijo quebra o nevosismo
pois lembraram do porquê de estarem ali
ele a quer ha algum tempo
ela estava confusa
mas assim que se beijaram, foi-se a dúvida
os beijos se sucedem,
cada vez com mais tesão
a cama parece chamá-los
querendo participar daquele misto de carinho e sacanagem
quando a blusa dela sai
ele para TUDO
não consegue fazer mais nada
a não ser admirar e desejar aqueles volumes
os  mais belos vistos até então
parece não saber o que fazer
mas é o oposto
ele tem mil ideias do que fazer com aquilo
e as faz:
beija, morde, lambe, aperta, acaricia
esfrega, lambe, morde, assopra, aperta
alterna um e outro nesse ciclo incerto e aparentemente infinito
ela adora isso
e não faz questão de esconder
gemidos se intercalam com suspiros
e ele adora ouvir e ver essa cena,
que só lhe dá ainda mais tesão
e propõe um brinde aos mamíferos,
agradecendo por aquelas formas tão perfeitaS.
a barriguinha, lisa  como a de uma criança
enfeitada com o umbigo primoroso,
serve de palco pra uma dança
onde a língua se faz protagonista
mas os lábios, barba, nariz e até orelhas são coadjuvantes
essa dança acaba mais abaixo
naquilo que possui varios nomes,
mas aquela forma do sexo dela
toda simétrica
merecia um nome próprio,
algo que remetesse a festa,
pois foi isso que aconteceu ali
uma festa molhada e fervente
que durou tempo suficiente pra tremedeiras de ambos
mas que serviu principalmente para prepará-los para receber um ao outro
o ato mais delicioso da noite
foi ao som de "isn't she lovely" que aconteceu
os olhos estavam fixos uns nos outros
e encaixaram-se como se tivessem sido feitos pra isso
tão facilmente
que até eles se admiraram
e se viram numa sincronia antes impensada
e o ato se torna ora desespero, ora calmaria
ora carinho, ora tapas
ora sacanagem, ora beijos
ora rápido e com força, ora lento e covarde
o tempo é relativo nessa hora
horas parecem segundos
e quando o gozo é inevitável
os corpos tremem juntos
e os líquidos se misturam
naquilo que é considerado o auge da relação
mas que ali não tinha nada a ver com auge
pois este foi atingido no momento do primeiro beijo
e perdurou até o último olhar,
aquele duro, da despedida.

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